domingo, 16 de outubro de 2011

Fotos antigas da Avenida Potiguara





Essa abertura no muro foi feita pelos moradores, pois precisavam atravessar o local para chegar à via expressa.


















Linha do trem e o que resta da fazenda ao fundo

Fotos da Avenida Potiguara

Atual Avenida Potiguara

Onde foi o campo de futebol


Coluna Bracher




Construída em 2000 na via expressa pelo artista plástico Carlos Bracher e sua esposa, foi uma homenagem a comunidade negra dos Arturos, mas também pode ser considerada um marco na vida das pessoas da rua Potiguara, pois de lá podiam ver a enorme coluna composta de azulejos pintados a mão e com 12 metros de altura.

O contraste do antigo com o novo

Antigamente a avenida era completamente esburacada, quando havia chuva a lama tomava conta do lugar, por este motivo era muito difícil que carros passassem por lá. Durante épocas de chuva era comum que os carros que atolassem, assim os moradores colaboravam, ajudando os ocupantes a retirar o veículo. Eram tempos muito difíceis, e o transporte público não passava por lá, fazendo com que as pessoas tivessem que se deslocar para outros locais, a fim de pegá-lo.
Atualmente um morador antigo da potiguara nos conta sobre suas lembranças daquela época, é o último dos moradores daquela época, os outros desistiram sem esperança do bairro progredir. Um senhor com uma memória forte, que ainda se lembra de cada uma das vítimas daquela enorme lagoa, ele também fala sobre a história da gravidez de sua mulher naquela época:
Em uma época como aquela, em que não havia transporte público que passasse pela rua, um homem se encontrava com sua mulher em trabalho de parto, por este motivo teve que andar muito com sua mulher que já não se agüentava. Ao chegar no hospital sua mulher estava quase tendo o bebê.
No outro dia quando trazia sua mulher para casa de táxi e chegaram próximos a potiguara não tinha como o táxi passar e por isso tiveram que descer na esquina e caminhar até a casa. Por coincidência dois anos depois quando sua mulher teve seus outros dois filhos, e eles foram pegar o táxi, era o mesmo motorista que os foi buscar. No mesmo instante eles se reconheceram, e o motorista se lembrou que não foi possível passar com o carro pela rua, a diferença é que senhor José contava que a rua já estava pavimentada e não haveria problema. É dessa forma que ele nos conta que a pavimentação e a melhoria da rua só chegaram com a primeira candidatura de Newton Cardoso.

A rua de minha infância

Sempre busco na memória lembranças da minha infância, recordo-me dos tempos vivenciados naquela rua, e como lembro daqueles queridos tempos, das brincadeiras de criança, das risadas de quem encontra a cada dia um motivo a mais para sorrir. Esta rua marcou cada fase de minha vida, infância, juventude e agora mais do que nunca se encontra presente. É incrível como o lugar onde seus avós moram sempre possui um gostinho, uma marca registrada.
Foi nesta rua na qual aprendi a gostar de amora; aquela enorme amoreira sempre vivia cercada de moradores, que se deliciavam com seus frutos. Sempre nos finais de semana mães, pais, filhos, tias, enfim famílias inteiras, inclusive a minha, passeavam por lá. Nesta rua também fiz alguns amigos dos quais nunca me esquecerei.
Algum tempo depois colocaram o passeio, e como foi bom, nos divertíamos o dia inteiro, e assim foi possível andar de patins, bicicleta, corrida, fazendo tudo parecer ainda melhor, essa parte de minha história se assemelha a infância de minha mãe, nesta mesma rua.
Junto com o passeio veio o enorme muro que tirou a linda vista que as casas possuíam, mas que também trouxe algumas vantagens, como a melhoria de vida das pessoas que moravam lá. Hoje os tempos são outros, meus avós me contam de suas antigas lembranças e não consigo perceber de que trata do mesmo local. É um tanto triste pensar que o local no qual você viveu tantas lembranças importantes possa te representar perigo.
Hoje continuo a visitar este local, a observar, enquanto caminho, cada transformação ocorrida. Mais que minha própria rua, esta sim posso dizer que tem um lugar especial no meu coração.

Avenida Potiguara



A Avenida Potiguara é uma rua  a marginal da linha do trem, Potiguara  para quem não sabe é nome de uma tribo indígena, Poti significa comedor e guará camarões,  portando, comedor de camarão  ou mascador de fumo se preferir , o fato é que grande parte das ruas próximas tem nome de tribos indígenas brasileiras.  Bom, voltando a rua, ela segue junto com a linha férrea, que ainda hoje é utilizada para transporte de vários tipos de segmentos (alimentos, peças, combustíveis e etc.), antigamente havia também o transporte de pessoas, através do trem de passageiros, cujo nome era subúrbio, não havia meios de transporte baratos, então, muitas pessoas o utilizavam. As pessoas que moravam na redondeza acordavam bem cedinho para pegar o trem nas várias estações do Eldorado até o “centro da cidade” forma que se refere o “Sô Zé” para dizer centro de Belo Horizonte. O trem era muito cheio, ali dentro tinha de tudo, galinha, porco, gente, vendedores de coisas, crianças chorando, e aquele calorão. Mas com jeitinho, mesmo apertado, se conseguia chegar em BH  com menos dinheiro e mais paciência . Com o passar do tempo ele foi ficando antigo  e os meios de transporte foram ficando mais fáceis  para a população  e hoje o subúrbio não existe mais por aqui. Ele foi substituído pelo metrô. 
Sô Zé até hoje contempla as viagens dos trens, às vezes param ¸manobram, fazem muito barulho, buzinam, mas  parece  que ele  gosta!  Fica ali calmo observando as máquinas, imaginando de onde vieram e para onde irão.
O trem sempre fez parte da rua e da vida das pessoas dali. Segue a rua, segue o trem e seguem as pessoas por ali.

sábado, 15 de outubro de 2011

Ruas com nomes de origem indígena

Algumas ruas da região, assim como a Potiguara, possuem nome de origem indígena:

Mopajé
Jaguará
Cambará
Guará
Anhangá
Poatá
Moatã
Urucuri
Poatá
Iretana
Moassy
Igaraçu
Guassu
Ipuera
Moarã
Mojoará
Jacumã
Moingo
Tamoatá

O sumiço da fazenda


Sabe-se que os moradores da rua potiguara tinham a visão magnífica de uma fazenda do outro lado da linha de trem, mas quem hoje observa, o local ocupado por várias empresas, não imagina como foi um dia. Aquela enorme fazenda pertencia a uma grande família, e em seu território haviam diversas espécies de plantas, gado e duas lagoas. O asfalto chegou e a fazenda ali estava, a energia chegou e a fazenda ainda forte em seu lugar. O tempo passa, as pessoas envelhecem e os filhos crescem, estes muitas vezes possuem outros objetivos e expectativas diferentes, resolvem procurar outros lugares para viver, alguns membros da família proprietária resolveram vender sua parte da fazenda e assim, esta começou a diminuir. Os moradores da rua Potiguara percebiam que com o tempo mais e mais pedaços de terra já não pertenciam àquela fazenda. Hoje um senhor muito simpático chamado José é vigilante desta fazenda, e se lembra de como era grande a propriedade.
Todos os dias um dos filhos, que resolveu preservar sua parte da herança (suas terras), visita o lindo lugar. E hoje esta mesma fazenda disputa espaço com as empresas que tentam tirar o pouquinho do que restou da sua entrada. José olha para o asfalto da via expressa, observa a calçada e as empresas no entorno, aquelas mesmas empresas que creem ter direito a todo o espaço que na realidade não lhes pertence.


As crianças e o desenvolvimento da rua


Era uma vez, há muito tempo atrás, mais ou menos no início de 1973, uma família que acabava de se mudar para rua Potiguara, era noite e não havia luz. As crianças sentaram em cima da cisterna e não enxergando nada perguntavam a sua mãe onde estava a luz, mal sabiam eles que ela só chegaria anos depois. Em frente à rua havia a linha do trem e uma enorme fazenda. (não havia nem água nem luz, e nem asfalto)
A vida era difícil, moravam em um barraco de três cômodos e eram 6 pessoas acomodadas, mas ainda assim se divertiam muito. A rua Potiguara já existia, sem asfalto e com mato ao redor, além disso, passou a ser o parque de diversões daquelas humildes crianças. A rua era o lugar onde brincavam, ficavam mais livres, não tinham que preocupar com carro porque era muito tranqüila e raramente passavam estranhos.
Na época que a rede de esgoto foi colocada, as crianças observavam maravilhadas as máquinas furando a rua e todos aqueles homens colocando as enormes manilhas por onde passaria o esgoto das casas, na visão daqueles olhinhos passava as aventuras que lhes aguardavam ao final do dia, quando não teria mais operários da obra, e que pena que foi quando os buracos foram fechados.
Algum tempo depois o asfalto foi colocado, e novamente foi uma festa para as crianças, que passavam a maior parte do tempo brincando de carrinhos de rolimã, pique esconde,  mãe da rua, a nova onda agora eram as utilidades do asfalto, as manilhas já estavam esquecidas. Chegou à luz e agora estes podiam ficar até mais tarde se divertindo.
Com a construção de um campo de futebol do outro lado da linha, dentro dos limites da fazenda, a rua Potiguara, que antes era calma e sem muitos visitantes passou a ficar muito movimentada, assim a violência que não era conhecida dessa rua começou a se instalar. Surgiram brigas nos campos, pessoas estranhas que não freqüentavam o local apareciam, e a casa onde as crianças moravam antes cercada por arame precisou ter um muro em seus limites, para a proteção dessas inocentes.
Uma vez as crianças observavam sem entender um jogador que para não ser linchado se escondeu atrás do padrão de água da casa deles morrendo de medo que estes revelassem seu esconderijo.
Apesar deles também terem que ajudar seus pais com afazeres domésticos, a vender loteria e abacate, sempre sobrava tempo para de divertir na grande rua Potiguara, e não podemos esquecer que na vizinhaça haviam muitas crianças, todos na folia do dia a dia, numa época onde a televisão não reinava. Brincavam na beirada da linha de noite, e como o capim era alto podiam ficar invisíveis em meio a este, não tinha perigo, e podiam brincar até tarde.
De frente a rua havia a linha de trem na qual os meninos também gostavam de brincar, e depois dessa uma enorme fazenda. Eles gostavam de ir lá na fazenda para pegar coquinho, e também de roubar mangas. A visão era linda, da rua podia-se o território da fazenda todo.
Ainda dentro dos limites da fazenda, havia uma lagoa em outro trecho, muitos parentes de moradores da rua vinham de longe, nos finais de semana, para tomar sol na beirada da lagoa, crianças e adultos se divertiam nadando. Alguns pais preocupados, pararam de levar seus filhos, pois já haviam ocorrido casos de pessoas que morreram no lugar
O tempo passou e aquelas inocentes crianças cresceram, alguns se mudaram para longe perdendo o contato, outros para ruas do mesmo bairro, e aqueles dos quais é impossível se esquecer retornam para visitar familiares, sendo possível perceber, naqueles grandes olhos, o sentimento de quem cresceu e viu intensas transformações ocorrerem neste ambiente, um sentimento com gosto de saudade.